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Dermatite atópica em cães e gatos

Doenças de pele são muito frequentes na rotina Clínica Veterinária. Apesar de normalmente serem facilmente visualizadas pelo tutor, o diagnóstico e tratamento podem ser um desafio, já que as lesões de pele podem ser sinais de diferentes doenças.

Dentre essas enfermidades, dermatites parasitárias (como a demodiciose e escabiose), bacterianas (Piodermites) e fúngicas (Malasseziose) são frequentemente observadas, no entanto, a incidência dessas doenças de pele é ainda maior em animais com Dermatite Atópica.

Chamada de síndrome atópica cutânea em felinos, a Dermatite Atópica é uma condição inflamatória crônica da pele, caracterizada principalmente pela coceira intensa. Essa enfermidade causa diversas alterações cutâneas, com destaque para um comprometimento da barreira natural, podendo evoluir para outras doenças de pele e agravar o quadro do animal, ocasionando incômodo e prejuízo no bem-estar.

O que é e quais as causas da Dermatite Atópica?

A Dermatite Atópica em cães e gatos é uma doença com um fator genético envolvido. Trata-se de uma doença inflamatória, que causa muita coceira, podendo ocasionar também perda de pelos (alopecia) e espessamento da pele (hiperqueratose). Como seu início está relacionado à exposição a alérgenos – como o pólen, alguns pets têm piora dos sinais durante a primavera e o verão, estações em que a concentração desse agente alergênico aumenta no ambiente.

Porém, para outros animais que apresentam alergia a ácaros e poeira, a estação do ano pode não ser um fator tão importante para desencadear a apresentação clínica. Por isso, é sempre importante consultar o Médico-Veterinário e entender como é o tratamento durante as diferentes fases dessa doença. Por ser uma resposta inflamatória da pele, a Dermatite Atópica não é infecciosa, portanto, não é transmissível a outros pets ou humanos.

Quais os principais sinais clínicos?

A Dermatite Atópica em cães normalmente causa coceira intensa e vermelhidão nas regiões:

       • Abdominal
       • Inguinal
       • Axilas
       • Face (ao redor dos olhos e da boca)
       • Orelhas

Em alguns casos, a doença pode até mesmo causar perda de pelos (alopecia) e outras alterações, como otite externa, por exemplo.

A Dermatite Atópica em gatos (ou Síndrome Atópica Cutânea felina) tem apresentação clínica um pouco diferente, havendo maior acometimento da face e pescoço, mas pode não apresentar vermelhidão, apenas a alopecia. Nesta espécie, também pode haver lesões chamadas de eosinofílicas, que podem formar placas, nódulos ou úlceras. De forma secundária à Dermatite Atópica, a maioria dessas lesões ocorre nas patas traseiras, face e região abaixo da boca, mas outras regiões também podem ser acometidas.

Com qual idade e quais as raças de cães e gatos têm maior propensão à Dermatite Atópica?

A Dermatite Atópica, na maioria dos casos, acomete animais jovens, sendo cães entre seis meses e três anos, como Golden Retriever, Pastor Alemão, Em gatos, sua incidência é mais comum até três anos, em especial nas raças Siamês, Persa e Maine Coon.

Como diagnosticar a Dermatite Atópica?

Devido à semelhança de sinais clínicos (lesões na pele e coceira) comuns a outras doenças alérgicas, o diagnóstico da Dermatite Atópica em cães e gatos dependerá de investigação clínica e laboratorial para descartar outras doenças, como dermatites alérgicas apenas por pulgas ou por alimentos. Para cães, em alguns casos, o aspecto clínico pode permitir que o diagnóstico seja fechado mais rapidamente.

Levando seu pet ao Dermatologista Veterinário, serão realizados alguns exames para identificar as alterações na pele do pet, já que é muito comum que a Dermatite Atópica facilite a ocorrência de outras doenças. Assim, pode ser realizado o raspado cutâneo – para verificar a presença de ácaros – e a citologia, para verificar se há Piodermites, sempre associando à apresentação clínica. Podem ainda ser solicitados outros exames e prescritos medicamentos para controle da coceira e das lesões, além de uma dieta específica.

Após o diagnóstico de Dermatite Atópica, testes alérgicos podem ser solicitados para avaliar se a imunoterapia é aplicável ao animal. De qualquer forma, é importante saber que a Dermatite Atópica é uma doença de controle constante na vida do pet.

Como tratar a Dermatite Atópica em cães e gatos?

O tratamento da Dermatite Atópica consiste em controlar os sinais clínicos, repor as defesas da pele e, quando possível, evitar o contato do animal com os alérgenos para prevenir novas crises.

De acordo com o Médico-Veterinário da Vetnil, Kauê Ribeiro, o tratamento da Dermatite Atópica em cães e gatos dependerá da fase da doença do animal. “Por exemplo, quando o paciente chega na clínica, normalmente está num quadro agudo, sendo necessário um controle rápido e efetivo das lesões e coceira intensa”, explica.

A Dermatite Atópica é uma doença que envolve várias alterações imunológicas e cutâneas, então terapias complementares podem ser receitadas pelo especialista, como o uso de produtos que ajudam a restaurar a barreira cutânea e permitem a hidratação da pele ressecada. Além disso, o uso de probióticos e prebióticos sobre a pele em formulações em spray para facilitar aplicação também são indicados, uma vez que esses animais tendem a apresentar um desequilíbrio entre bactérias boas e ruins na pele (disbiose).

Outras formas de terapia também podem ser empregadas, como a suplementação de ácidos graxos, em conjunto com biotina, zinco e vitaminas, a fim de fornecer nutrientes importantes para reforçar a estrutura da pele.

Vale lembrar que todos esses tratamentos devem ser avaliados e controlados pelo Dermatologista Veterinário, de acordo com cada caso. Ao perceber alteração na pele do seu cão ou gato, procure a avaliação de um especialista para melhorar a qualidade de vida ao seu pet.

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