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A importância da diversão nos relacionamentos

Para a psicóloga, Lilian Graziano, na medida em que a alegria é parte da felicidade, a capacidade humana de brincar deveria ser vista com mais seriedade.

O lúdico talvez não seja o melhor caminho para o erótico, mas certamente o é para a manutenção da leveza dos relacionamentos duradouros. Para a psicóloga e doutora em Psicologia Positiva pela USP, Lilian Graziano, não apenas os relacionamentos precisam do divertimento, como a própria vida se alimenta do lúdico. “Envelhecer é consequência da perda da capacidade de brincar”, ela afirma.

O lúdico, segundo a especialista, não é prerrogativa do infantil. Ao contrário, o lúdico está na gênese do pensamento, da descoberta de si mesmo, da possibilidade de experimentar, de criar e de transformar o mundo. Para tanto ela cita um livro de 1938, “Homo Ludens”, do historiador holandês Johan Huizinga, no qual afirmava que a ideia de jogo é central para a civilização. De acordo com o autor, o jogo seria uma categoria absolutamente primária da vida, tão essencial quanto o raciocínio (homo sapiens) e a fabricação de objetos (homo faber). “O caráter de ficção é um dos elementos constitutivos do jogo, no sentido de fantasia criativa e de imaginação. Por isso, ao contrário do que muitos imaginam, o lúdico é coisa séria e necessária, além de ser um direito.”

Para a especialista, enquanto se está num jogo, as regras que regem a realidade cotidiana ficam suspensas. “Por isso creio que o lúdico abre as portas do universo criativo em que tudo se torna possível. Até mesmo a felicidade”, diz. “Infelizmente, a diversão é tão negligenciada que é raro ver idosos se divertindo, por exemplo, em parques de diversões. Se, no Brasil, a diversão para idosos se limita a novela, dominó e bocha, isso é muito mais fruto de uma cultura que vê a velhice como morte do que uma incapacidade genuína de uma pessoa mais velha de explorar o novo”, diz.

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