Quais os limites do turismo com animais selvagens?
Algumas notícias publicadas no último mês vêm chamando a atenção para uma discussão importante: a do contato entre turistas e animais selvagens em atrações. Grazi Massafera, em rápida passagem pela África do Sul, foi criticada ao tirar selfies segurando filhotes de leão, e a blogueira catarinense Ana Bruna Avila levou uma leve mordida no braço ao nadar com tubarões. Tudo isso nos faz refletir sobre os limites das experiências que envolvem animais, e ressalta a importância de buscar atividades que não sejam prejudiciais para os viajantes, nem, principalmente, para os animais.
Por vezes as intenções dos turistas são as melhores possíveis. Segundo pesquisa do World Animal Protection (Proteção Animal Mundial), realizada com 13 mil pessoas de 14 países, 48% dos viajantes que já realizou uma experiência com animais silvestres o fez por “amor aos animais”. Esse dado mostra como falta consciência sobre o dano causado e como é importante informar sobre a dura realidade dos bichos em algumas situações. Segundo a Wildilife Conservation Research Unit, (WildCRU), são 550.000 animais silvestres que sofrem no mundo todo por conta de atrações turísticas irresponsáveis. Entre o nado com golfinhos, o passeio montado em elefante e as fotos com animais aprisionados, não faltam exemplos negativos. Por outro lado, as possibilidades de passeios responsáveis existem também, e expor suas práticas é importante na hora da conscientização. Exemplo disso são os safáris de observação, como os realizados pelo Sabi Sabi Private Game Reserve, hotel localizado na reserva de Sabi Sands, ao sudoeste do Kruger National Park, na África do Sul.
Essa experiência já segue duas diretrizes essenciais para o turismo responsável: os animais não são tirados de seu habitat natural e a única atividade realizada é a de observação. No Sabi Sabi, é possível ver os famosos Big 5: leão, elefante, leopardo, rinoceronte e búfalo, entre muitos outros animais, como girafas, guepardos e antílopes vivendo suas vidas livres e interagindo de acordo com os ciclos da natureza, sem interferência humana. Não à toa, os avistamentos do safári dependem do treinamento dos guias, que rastreiam pegadas e fezes, por exemplo, e também de sorte, afinal nenhuma situação é forçada ou estimulada.
Além disso, outros aspectos merecem destaque no que diz respeito à conservação da natureza, pilar da reserva que é seguido com primor a quatro décadas: a sustentabilidade é pensada na construção e funcionamento diário dos lodges – são 4 propriedades que fazem parte do Sabi Sabi -, incluindo políticas de reciclagem e economia de energia que causam o mínimo impacto nos arredores. Além disso, durante a realização dos safáris, algumas regras devem ser respeitadas: nunca pode haver mais de 3 carros observando um felino ou 2 próximos de um grande mamífero, por exemplo, solos mais sensíveis devem ser evitados, nenhum tipo de interferência nos hábitos dos animais é permitido, o espaço deles deve ser respeitado.
Tudo isso é garantido, especialmente, graças ao programa de treinamento oferecido pelo Sabi Sabi aos seus rangers – guias responsáveis por levar os hóspedes pela savana -, um dos mais intensos e exigentes do país. Nesse processo é adquirido um extenso conhecimento sobre comportamento animal, que faz com que os profissionais sejam capazes de entender os bichos e garantir que eles não sejam estressados pela presença dos turistas, respeitando sempre os limites por eles colocados. Além disso, mais do que mostrar aos hóspedes onde estão os animais, os guias acabam tendo o papel de conscientiza-los sobre a situação das espécies, especialmente porque muitas delas se encontram duramente ameaçadas – e são protegidas pela reserva. Mais do que uma experiência de observação, o safári é uma verdadeira aula sobre a situação do nosso planeta e de sua vida selvagem.
A oportunidade de ver os animais vivendo livremente é emocionante, seja na fofura de um filhote que bebe o leite da mãe, ou na dureza de um leão que caça e come um impala. São experiências que carregam um valor real, diferente das situações forçadas que rendem boas selfies às custas de maus tratos.
O verdadeiro “amor aos animais” está no cuidado, e disso o Sabi Sabi entende. Para quem busca viver a experiência única oferecida na reserva, é possível se hospedar em quatro lodges que contam com decoração inspirada em diferentes momentos históricos da África do Sul. Há o Selati Camp, em estilo colonial; o Bush Lodge, único que aceita crianças, e o Little Bush Camp, ambos repletos de referências étnicas e contemporâneas; e o Earth Lodge, cuja arquitetura e uso intenso de materiais naturais buscam refletir um futuro “eco-chic”, no qual luxo e natureza co-existem em completa harmonia.