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Poliomielite: vacinar para a doença não voltar

Ontem, dia 24 de outubro, foi o Dia Mundial de Combate à Poliomielite. Comumente chamada de pólio, é uma doença grave e altamente contagiosa, causada pelo poliovírus na sua forma selvagem e também por um poliovírus atenuado. Mas independentemente do tipo do poliovírus, a doença causada é semelhante na sua clínica, duração, gravidade e sequelas.

Em cada um a 200 casos, o vírus destrói partes do sistema nervoso, causando paralisia irreversível nas pernas ou braços, podendo atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte. “No Brasil não são notificados casos de pólio há mais de 30 anos. Seguramente a vacinação, que alcançava índices recomendados ao redor de 95% até pouco tempo, é a responsável por isso”, explica Luiza Helena F. Arlant, membro do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Porém, atualmente, o panorama mudou e o país corre o sério risco de voltar a notificar casos de pólio, porque sua cobertura vacinal tem sido baixíssima, não alcançando 70% na maioria dos Estados brasileiros, além da desigualdade na vacinação dentro das regiões. De acordo com a infectologista pediátrica, vários fatores contribuem para o possível ressurgimento da doença nas Américas, sendo o Brasil um alvo bastante fácil, já que é considerado pela Organização Mundial da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde como o segundo país nas Américas de mais alto risco para seu retorno, antecedido apenas pelo Haiti.

Ela aponta que questões políticas, sociais, religiosas e de controle sistemático da vacinação têm colaborado no ressurgimento da pólio em alguns países. “Hoje presenciamos um fluxo migratório intenso, além de um saneamento básico inadequado, facilitando a circulação dos vírus e a contaminação das pessoas”, afirma a médica, salientando que, infelizmente, também se observam grupos antivacinas crescerem, não tendo em conta a gravidade da doença nas suas formas paralíticas, tornando os indivíduos acometidos aleijados. “O principal fator de risco para que crianças menores de cinco anos adquiram a doença é, sem dúvida, a baixa cobertura vacinal. A poliomielite não tem cura. A única maneira de se evitar a doença é através da vacinação”, alerta.

“Pais e/ou cuidadores de crianças, sejam responsáveis e vacinem seus filhos! Não importa que eles já tenham sido vacinados. Devem receber reforços para impedir o avanço dos vírus da pólio. Ninguém quer voltar a ver uma criança paralisada, usando muletas e cadeira de rodas ou impedida de respirar e morrer, por uma doença que pode ser prevenida pela vacinação. Isso não é justo, nem com ela, nem com a sociedade”, destaca Luiza, enfatizando que estamos a um passo da erradicação de tão temida doença. “Para isso, é necessário completarmos a tarefa de vacinar contra pólio em, pelo menos, 95% da população-alvo e impedir sua disseminação. É preciso combater esse flagelo da humanidade”, conclui a especialista. 

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