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O orgasmo pode ser alcançado por todas as mulheres

Para liberar oxitocina e serotonina, os hormônios do prazer, que fazem muito bem ao corpo e até combatem a depressão, não importa se você atinge o clímax por estímulo clitoriano ou penetração: conhecendo seu corpo e os gatilhos que despertam seu desejo e a deixam à vontade, conseguirá ter prazer

A noite de 12 de junho costuma ser muito quente, apesar de acontecer quase no inverno. É que casais apaixonados, de todas as idades, comemoram o Dia dos Namorados com jantares românticos seguidos por noites de amor, em que desejam proporcionar ao outro muito prazer. E algumas mulheres chegam ao consultório médico, antes e depois dessa experiência, com uma reclamação: a de não atingirem o orgasmo. “São pouquíssimas as mulheres que sofrem de anorgasmia, aquelas que realmente têm um problema de saúde, física ou emocional, que as impede de sentir prazer com o ato sexual. As demais apenas não relaxam o suficiente ou não conhecem seus próprios corpos e os pontos de prazer que as levam ao orgasmo”, relata a Dra. Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) e do corpo clínico do hospital Albert Einstein.

Segundo ela, para atingir o orgasmo, é preciso que a mulher seja estimulada multifatorialmente. “Deve existir o desejo, claro, mas, estímulos táteis, visuais, auditivos – porque a mulher precisa ouvir frases estimulantes no ato sexual – fazem parte do contexto e ela precisa conhecer quais são os caminhos que a levam ao orgasmo, para ajudar o parceiro nessa descoberta também”, diz a médica.

Quando a própria mulher não conhece os gatilhos de seu corpo, que a levam ao prazer, ela não consegue orientar o parceiro na hora do sexo. “A masturbação é importantíssima para a mulher. Se ela se toca, conhece seu corpo, ela é capaz de dizer ao parceiro o que lhe dá prazer. Afinal, ele não tem como adivinhar quais são as preferências dela, não é?”, pondera a Dra. Mariana.

O orgasmo faz bem para a saúde

O prazer sexual envolve reações químicas no organismo. Os hormônios do prazer são a oxitocina e a serotonina, que relaxam e dão sensação de bem-estar. Mas, não é só isso: existem diversos estudos que mostram que áreas diversas do cérebro – cientistas chegam a citar 30 – são ativadas durante o clímax, incluindo as de memória, prazer, emoção, alegria, toque e satisfação, entre outras. Os hormônios liberados pelo orgasmo atuam até mesmo na depressão, O corpo todo se prepara para o orgasmo e, durante o sexo, há maior irrigação sanguínea, aumento dos batimentos cardíacos, mudança na respiração, liberação do hormônio adrenalina e queima calórica. “O sexo não pode ser considerado uma atividade física, mas, tem muitas vantagens para a saúde e a autoestima. Se acompanhado do orgasmo, é fundamental para todas as pessoas saudáveis”, explica a ginecologista.

As dicas

Dra. Mariana Rosario acredita que todas as mulheres possam contribuir para o próprio prazer. “Não existe limitação de idade, opção sexual, raça, religião, profissão ou estado civil que interfira no orgasmo. Alguns fatores podem bloquear o prazer, como traumas relacionados ao sexo – o abuso sexual é um forte bloqueio – , e uma educação muito rígida, então, é necessário buscar apoio psicológico. No mais, é preciso se conhecer bem e aproveitar o momento”, diz. Ela dá as dicas:

– Conheça o seu corpo – “Muitas mulheres nunca viram seu próprio órgão genital. Se é o seu caso, pegue um espelho e se olhe. Conheça sua vagina, toque-a, identifique o clitóris e cada parte do seu corpo. Assim, você começará a se aceitar melhor”.

– Masturbação é importante – “Quem não consegue se dar prazer, dificilmente terá prazer com o outro. Se você não chega ao orgasmo sozinha, terá dificuldade de chegar a dois. Então, masturbe-se. Pode ser que, nas primeiras vezes, você não goze. Mas, com o tempo, ficará mais confortável, identificará o que lhe dá mais prazer e, assim, alcançará o clímax”.

– Não importa de onde vem seu orgasmo, curta-o! – “Muitas pacientes preocupam-se porque só têm orgasmos clitorianos – e não vaginais, pela penetração. O clitóris é um órgão super sensível, que possui uma glande e, quando estimulado, leva ao prazer. Algumas pessoas o apelidaram de ‘mini-pênis’, termo que causa incômodo a muitas mulheres, mas que é usado porque, na verdade, no prazer, ele tem a função parecida ao pênis masculino, porque é masturbado. Muitas mulheres relatam sentir um prazer enorme quando há estímulo adequado no clitóris e não na penetração – e não há nada de errado nisso. Seja o orgasmo vaginal ou clitoriano, o importante é ter prazer e curtir cada segundo dele!”.

– Converse abertamente com seu (a) parceiro (a) – “Ninguém pode adivinhar o que lhe dá prazer. Então, fale para seu parceiro – ou sua parceira – o que lhe agrada e o que lhe desagrada. Mulheres em relacionamento homoafetivo dizem ter mais orgasmos porque se sentem mais à vontade para contar suas fantasias às parceiras, em relação às heterossexuais. Quem tem um diálogo mais aberto consegue orgasmos muito mais intensos, porque cria intimidade com o outro”.

 – Crie um clima adequado ao seu perfil – “Nem todo mundo gosta de velas acesas e flores. Se você curte outro clima, invista nele. Dê asas à imaginação e valorize as suas fantasias – que não precisam seguir o script da maioria das pessoas: você é um indivíduo ímpar e merece momentos só seus”.

– Perca a vergonha – “Muitas mulheres não relaxam, na hora do sexo, porque estão pensando na gordurinha, na celulite e na flacidez. Enquanto isso, os (as) parceiros (as) estão admirando suas qualidades. É preciso entender que todas as pessoas praticam sexo, estejam elas acima do peso ou muito magras, tenham elas estrias ou não! Todas as pessoas transam diariamente, em todo o mundo – e não estão nem um pouco preocupadas com os detalhes da aparência do (a) parceiro (a). Então, é hora de apostar nas suas qualidades e perder a vergonha! O bloqueio mental é um dos complicadores para que as mulheres não alcancem o orgasmo. Relaxe!”.

– Procure ajuda – “Médicos, psicólogos e psiquiatras existem para ajudar quem precisa. Não é comum sentir dor ou desconforto no sexo. Além de causas físicas – como infecções – , pode haver causas emocionais e traumas envolvidos no processo”.

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