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T(D)PM não é frescura  

Psiquiatra explica que alteração hormonal pré-menstrual, em alguns casos, é coisa séria

 

O período que precede a menstruação é caracterizado pelo surgimento de sintomas psíquicos e físicos, como alteração de humor, irritabilidade e melancolia; além de dores de cabeça, inchaço e fadiga, para uma boa parte das mulheres. Esses sintomas são causados por uma alteração hormonal feminina que age diretamente no sistema nervoso central e gera diversos mal-estares. Porém, em casos mais graves, essa alteração passa de TPM para TDPM, a abreviação ganha apenas uma letra, mas a condição é bem mais complexa.

 

O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é uma forma grave da Síndrome Pré-Menstrual (SPM), que ocorre quando há pico de estrogênio – geralmente no primeiro dia antes da ovulação – e melhora com a menstruação. A prevalência do TDPM é de 2% a 8% da população feminina fértil e os sintomas do transtorno podem ser tão intensos que trazem prejuízo à rotina da mulher¹̛ ². De acordo com o psiquiatra Kalil Duailibi (CRM 47.686), o TDPM tem gravidade comparável à de outros transtornos mentais e não pode ser subestimado.

 

Estima-se que 1,3% das mulheres tenham prejuízo funcional devido ao TDPM e talvez nem saibam que sofrem do mal², que tem diagnóstico complexo e pode ser confundido com outros dois tipos de transtorno, o depressivo persistente e o bipolar. Para diagnosticar uma paciente corretamente com TDPM, os profissionais de saúde levam em consideração fatores de risco para desenvolvimento da doença, como: estresse, trauma interpessoal, herança genética (entre 30% e 80%), o não uso de contraceptivos orais, além de dois ciclos sintomáticos.

 

“Ainda há pouco esclarecimento sobre as causas do TDPM, mas estudos apontam uma interação anormal entre neurotransmissores e hormônios ovarianos. Estes hormônios são capazes de ativar áreas cerebrais como o córtex pré-frontal e as relacionadas à recompensa e ao estresse. E essas ativações vêm sendo relacionadas ao desenvolvimento de sintomas do quadro. A variação do humor, irritabilidade, sintomas de ansiedade e a disforia compõem características fundamentais dessa condição e podem estar associados a sintomas comportamentais e físicos que atingem seu pico perto do início da menstruação, quando em geral começam a se atenuar ou cessam. O tratamento para o transtorno é feito com correção das alterações hormonais; supressão ovulatória ou com o uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como o escitalopram”, explica o psiquiatra. 

 

Caso tenha se identificado com a situação, procure auxílio médico e confirme ou descarte o diagnóstico.

Eficaz

Referência

¹American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing; 2013.

 

² Baller EB, Wei SM, Kohn PD, Rubinow DR, Alarcón G, et al. Abnormalities of dorsolateral prefrontal function in women with premenstrual dysphoric disorder: a multimodal neuroimaging study. Am J Psychiatry. 2013 Mar;170(3):305-14.

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