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BDSM: você toparia um #fetiche no encontro casual?

Este é um assunto que dá pano para mangas e por que não dizer que muita gente ainda não sabe o que significam as quatro letrinhas

Para quem gosta de encontros casuais e já quebrou muitos tabus em bisca de um relacionamento rápido, que quase sempre termina sobre a cama, participar de fetiches é um dos quesitos que culmina com a realização do ato sexual em si. O uso de fantasias, brinquedos eróticos ou lugares exóticos para a transa ser curtida por ambos os parceiros são situações e pedidos comuns entre os prticantes. Mas, a pergunta é: e se o pedido for para uma transa casual e com BDSM? Bem, apesar de toda liberalidade daqueles do sexo casual, ainda há aqueles que ainda desconhecem fetiches mais profundos e mais picantes como é o caso.

Desmistificar o mundo BDSM e dos fetiches passa obrigatóriamente pela necessidade de explicar que é uma prática comum em alguns países, apesar de muita gente no Brasil fazê-lo sem perceber. No BDSM pode haver submissão com dono(a) e senhor(a) ou, depois de algum tempo, o submisso se torna “switcher” (alguém que assume ambos os papéis de dominador(a) e submisso(a) ao mesmo tempo) ou ainda, mais tarde, torna-se dominador(a) ou (domme) de homens e mulheres). O BDSM é mais uma das muitas maneiras de as pessoas se satisfazerem na prática sexual e pode ocorrer também num encontro casual, porque a dominação é relativa ao ato, quando a pessoa já está na cama.

Numa recente pesquisa com seus usuários sobre a prática de BDSM feita pelo site de encontros casuais C-date (www.c-date.com.br) notou-se que os homens querem explorar a sua faceta de submissos. A pesquisa realizada com o banco de dados do próprio C-date (no Brasil são 6 milhões de usuários cadastrados) obteve resposta de 1224 homens que, questionados se aceitariam um pedido para participar de um encontro casual em que o parceiro seria praticante de BDSM, 48% deles disseram sim, que gostariam de aprender; 31% disseram desconhecer o significado de todas as palavras e sua prática; enquanto 21% negaram veementemente. Tornar-se submisso é um processo, e estar nas mãos de um dominador ou dominadora que sabe o que fazer ajuda na aprendizagem.

O resultado mostra que apesar de serem liberais para uma transa casual ainda há tabus a serem desmistificados. Na prática BSDM há elementos que não se aprendem apenas em leitura de livros teóricos, mas principalmente na prática. Livros e filmes como “Cinquenta tons de cinza”, embora bonitos e emocionantes do ponto de vista ficcional, apresentam a questão do BDSM para a massa de cinéfilos e leitores, porém, não são obras que os praticantes da comunidade consideram referência, embora sua relevância em levar o tema ao conhecimento do grande público e para muitos leigos.

Um dos sites de referência para os aficionados e curiosos sobre o mundo BDSM é o “Fetlife”, onde pessoas de todo o mundo partilham experiências, fotos, gostos e podem até tentar encontrar alguém para uma relação de dominação-submissão (D/S), como num encontro casual comum. Ali estão cadastradas pessoas que se interessam em BDSM, fetichismo e kink e são mais de 8 milhões de contas de usuários. “Não há nada de doentio com as pessoas que o praticam, é uma parte da sexualidade delas, uma opção, um estilo e até filosofia de vida, e de se relacionar com o outro”, afirma a sexóloga e consultora do C-date, Carla Cecarello. O que as difere, segundo a especialista, é a dinâmica íntima diferente delas, porque são pessoas normais.

O que quer dizer BDSM?

É um acrônimo e as iniciais significam:

• B de bondage

• D de dominação

• S de Sadismo

• M de masoquismo

A sigla descreve os maiores sub-grupos dentro do mundo underground BDSM. A dominação e a submissão tratam-se de uma relação de poder, em que o submisso entrega o seu poder nas mãos de quem o domina. É preciso deixar de lado o que conhece sobre sexo, uma vez que BDSM não é sexo é busca de prazer. Tem o intuito de trazer prazer, através da troca erótica de poder que pode envolver ou não dor. Uma sessão de BDSM pode ser uma experiência corporal muito intensa e sensual, e causar sensações fortes e excitantes nas pessoas que os praticam. Pode existir numa relação duradoura monogâmica ou em sessões praticadas por pessoas que assumem estes papéis casualmente, desde que tenham em mente que o sexo não tem papel fundamental e sim o prazer de dominar ou ser dominado.

Quando se usa um brinquedinho erótico, se dá palmadas, colocar vendas na outra pessoa, amarrar, algemar, todas essas “brincadeiras” vem do “spanking” um termo usado no BDSM para a realização desses atos. No mundo “normal” ou mainstream, que os praticantes de bondage chamam de “mundo baunilha”, essas brincadeiras são usadas para apimentar a relação, a fim de tornar o sexo mais gostoso, criar uma emoção, criar sensações. Mas a maioria desses “plays” tem sua origem na cultura e comunidade BDSM espalhada por todo o mundo, sendo predominante em determinados países que outros.

Existir prazer na relação BDSM parece fácil para aquele que adquire o papel de dominar. Mas, para ser erótico, além do poder de dominar é preciso contar com alguém que saiba ser submisso. Por essa razão é importante também entender o papel do submisso e como esses dois lados excitam sexualmente. Para alguém que não pratica pode ser muito complicado entender esses papéis. O sub tem prazer em agradar ao seu dom, obedecer e cumprir as ordens, ser humilhado e servir. O dom, no papel que assume, treina, cuida, respeita e castiga o sub de forma adequada, quando suas ordens não são cumpridas.

O dominador(a) (dom ou domme) também chamado como TOP é aquele que exerce o poder sobre o outro – o submisso(a). O bom dominador(a) entende o conceito de dominação e não é um mero reprodutor de práticas que viu em um site ou em um vídeo de sexo. A experiência, a postura, o tom de voz, a maneira como comanda e conduz dirá se é um bom dominador(a).  Ele(a) sabe respeitar o sub e exerce autoridade de forma eficaz. Gosta de ser tratado por senhor, mestre, dono, no caso de dominadores homens. As dominadoras (dommes) gostam de ser tratadas por senhora, dona ou rainha. No caso da palavra dono(a) é mais usada quando um dom assumiu a relação com o/a sub.

Master é um dominador com muita experiência adquirida ao longo de muitos anos e é um perito, que sabe ensinar e treinar um/a submisso/a com grande facilidade. Um dos equívocos mais comuns e frustrantes sobre o BDSM é que sadomasoquismo não é violência nem abuso, o que é um grande engano para quem age desta forma. O que é feito durante a sessão ou relação deve negociado antes e discutido sobre o que ambos gostam, o que não gostam e os limites (tolerância). Tudo passa por um processo de consentimento e é uma exigência no BDSM. É quando estabelecem uma palavra de segurança, que determina o nível de tolerância atingido. Passar desse limite torna a relação difícil de ser mantida.

Práticas e fetiches

– Humilhação verbal – chamar nomes ofensivos femininos ou masculinos e ao fazê-lo ambos os intervenientes têm bastante prazer

– Bondage – consiste em amarrar e imobilizar a pessoa envolvida de diversas formas

– Spanking – ato de causar dor de forma controlada através de palmadas, chicote, chibata, etc Pode ter três níveis: soft, médio ou hard. O medo, produzido pelas humilhações e as atitudes de dominação, provoca uma adrenalina automática, que é responsável pela excitação sexual.

– Podolatria – fetiche por pés descalços ou calçados e a sua adoração que pode incluir beijar os pés, olhar para eles, massajear, lavar, ser pisado por eles, etc.

– Pet play – fetiche por se comportar como um animal de estimação. Miar, latir, rosnar, ronronar, usar acessórios associados a incorporação da personagem de animal, ficar de quatro, dar a patinha e seguir o dono como um animal faz parte deste tipo de jogo erótico.

– Uso de trela e coleira em que o dominador segura a trela e o sub a coleira, pode ser feito dentro de quatro paredes ou locais onde tal seja possível. Atos do sub: Comer no chão enquanto dom come a mesa e realizar serviço doméstico.

– Trampling – caminhar sobre e espezinhar o sub.

– Feminilização – subs homens que gostam de ser tratados e se vestir como mulher.

– Chuva dourada que só dá prazer se feito num contexto particular no meio da sessão, na prática trata-se de o dom urinar para cima do sub.

Acessórios:

• Chicote

• Cordas

• Amarras

• Vendas

• Chibata

• Bolas

• Dildos e vibradores

• Penas

• Molas

• Clamps para mamilos

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