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O que o diabetes tem a ver com os ombros?

Em novembro, mês de alerta mundial para a doença, Sociedade Brasileira da Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC) destaca relação clínica entre o diabetes e o “ombro congelado”, condição que causa dor e rigidez e que pode acometer também pessoas com glicemia normal

Embora o diabetes seja frequentemente associado a complicações como problemas cardíacos, renais e vasculares, poucos sabem que a doença pode também afetar a saúde dos ombros. Pesquisas indicam que pessoas com diabetes, especialmente aquelas com níveis de glicose mal controlados, estão em maior risco de desenvolver uma condição denominada capsulite adesiva, popularmente chamada de “ombro congelado”. 

A prevalência dessa condição entre pessoas com diabetes é estimada entre 10% e 20%, comparado a cerca de 2% a 5% da população geral. A situação provoca dores e rigidez, o que causa a restrição do movimento dos ombros, pois a cápsula, com função de nutrição e equilíbrio, que envolve a articulação, se torna espessa, rígida e inflamada. 

Nas últimas décadas, o número de pessoas com diabetes tem aumentado. Segundo estimativa do Ministério da Saúde, atualmente 16,8 milhões de brasileiros entre 20 e 79 anos apresentam diagnóstico da doença. O dado é alarmante, pois coloca o país como o quinto do mundo com maior incidência do diabetes. A problemática tem alerta no calendário: 14 de novembro é marcado como Dia Mundial do Diabetes, data com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a doença, suas complicações e a importância do diagnóstico precoce, controle adequado e prevenção de complicações, como as que podem afetar articulações, caso do “ombro congelado”.

Sintomas e impactos

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC), Carlos Henrique Ramos, explica que apesar desta relação clínica com o diabetes, a capsulite adesiva pode acometer também pessoas com glicemia normal. A dor e rigidez costumam se desenvolver em três fases. “A primeira é a fase de dor, onde o ombro começa a doer constantemente, mesmo em repouso; a segunda, da rigidez, na qual o movimento do ombro é progressivamente mais restrito; e, por fim, a fase de recuperação, quando a dor diminui e o movimento começa a melhorar, mas o ombro pode continuar limitado”, pontua.

O “ombro congelado” pode impactar ainda mais a qualidade de vida dos portadores do diabetes, dificultando a realização de atividades diárias. “Tarefas como vestir-se, alcançar objetos ou trabalhar ficam prejudicadas, assim como a prática de exercícios físicos regulares, que são importantes para o controle da doença”, fala o presidente da SBCOC. “Além disso, a dor crônica contribui para aumento do estresse e da ansiedade, o que pode piorar o controle glicêmico”, completa.

Tratamento

O tratamento do “ombro congelado” envolve uma combinação de medidas e deve ser ajustado de acordo com o controle glicêmico do paciente. “O controle rigoroso dos níveis de glicose no sangue é essencial para prevenir e tratar o problema, além de reduzir a inflamação e melhorar a resposta ao tratamento. Alongamento e mobilização da articulação do ombro também ajudam a reduzir a rigidez”, ressalta. “Como o diabetes pode afetar o processo de recuperação, o acompanhamento médico regular é fundamental para garantir que o tratamento seja eficaz e que o controle glicêmico seja mantido”, conclui Ramos. 

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