Câncer de próstata em pets: o perigo que poucos tutores conhecem
Estudos recentes revelam que cães castrados e com idade média de 8 a 11 anos estão predispostos a desenvolver a doença
Assim como ocorre com os humanos, o Novembro Azul traz também um alerta para os tutores de cães e gatos: o câncer de próstata. Apesar de pesquisas recentes revelarem que essa patologia afeta menos de 1% dos caninos e raramente os felinos, é preciso ficar atento aos sinais dessa doença que pode ser devastadora.
Docente nos cursos de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ) e do Centro Universitário Max Planck (UniMAX Indaiatuba), a médica-veterinária Dra. Claudia Britto explica que, normalmente, o câncer de próstata é constituído por tumores (carcinomas) com alto grau de agressividade, cujo resultado costuma ser a deterioração da qualidade de vida do animal.

“O câncer de próstata se inicia a partir de mutações de células que constituem o tecido glandular prostático, levando a um aumento de volume local, que reflete em alguns desconfortos como dificuldade em urinar e defecar”, explica a médica-veterinária que éespecializada em oncologia.“A doença é mais comum em cães devido a questões anatômicas, pois, nos caninos, a próstata é a única glândula acessória do reprodutor masculino (como em humanos). Já em gatos, além da próstata, existe a vesícula seminal,que possui uma maior importância na formação dos líquidos seminais. Ou seja, nos felinos a próstata é uma glândula com menor importância funcional do que em cães.”
Algumas características específicas podem levar o animal a desenvolver a doença. Cães entre 8 e 11 anos ou mais são os mais diagnosticados com câncer de próstata. Outro fator é determinante sãoos cães castrados. “Curiosamente, a castração não protege e pode até estar associada a maior risco ou progresso mais agressivo da doença. Inclusive, animais já diagnosticados com câncer de próstata não devem ser castrados, uma vez que o procedimento pode piorar a evolução do quadro”, alerta a médica-veterinária.
Alguns sinais são característicos e revelam que o pet pode estar sofrendo não somente com câncer de próstata, mas também de várias outras doenças prostáticas ou urinárias. Entretanto, segundoClaudia, são “sinais de alerta” que merecem consulta veterinária com rapidez. Confira os principais sinais:
Sintomas iniciais
– Esforço para urinar, com jato de urina fraco ou intermitente
– Micção mais frequente ou em pequenas quantidades
– Sangue na urina (hematúria)
– Esforço para defecar (fezes em forma de fita), sobretudo se a próstata dilata ou comprime o reto
– Dor ou sensação de desconforto na região pélvica ou lombar.
Sintomas mais avançados
– Obstrução urinária total ou parcial, risco de retenção de urina
– Emagrecimento do animal (“afundamento da cabeça”)
– Dor óssea, mancar (se ossos afetados), fraqueza
– Infecções secundárias do trato urinário ou bexiga dilatada
– Parar de comer e ficar muito prostrado.
Tratamento
Segundo a docente de Medicina Veterinária daUniFAJ e da UniMAX, o tratamento para esse tipo de neoplasia em cães é complexo e está relacionado ao controle da doença e à oferta de qualidade de vida ao animal. “A cura completa para esse tipo de tumor prostático em cães não é comum — a maioria dos casos já está em estágio avançado no momento do diagnóstico. Já a média de sobrevida, em casos de carcinoma prostático e com base nas literaturas atuais, gira em torno de 6 a 7 meses”, salienta.
O tratamento da doença inicia-se com diagnóstico assertivo, com exames de sangue e de imagem, podendo haver a necessidade de cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapias alternativas (Medicina Integrativa). “Pensando na terapia mais paliativa, é importante que o tutor entenda que o tratamento exige investimento, acompanhamento e nem sempre resulta em retorno prolongado — e que a qualidade de vida do pet é fator crucial para decisões”, destaca Claudia.
Tem como prevenir o câncer de próstata em pets?
De acordo com a médica-veterinária, embora não existam métodos seguros que previnam totalmentecontra o câncer de próstata, uma vez que as causas exatas da doença não são bem definidas, há práticas que podem auxiliar nessa “batalha” contra a doença.
Uma delas está relacionada à qualidade de vida dopet. “É fundamental manter o animal em um estilo de vida saudável, sempre com peso adequado, boa nutrição e evitar exposição a substâncias tóxicas – embora a evidência específica para tumor prostático seja limitada”, orienta. “Também é importante manter o acompanhamento veterinário com frequência, especialmente para cães machos mais idosos, com exame físico que inclua palpação/ultrassom da próstata se indicado. Não deixe de observar e relatar rapidamente qualquer sinal urinário ou intestinal, tais como esforço parar urinar ou defecar, sangue na urina, jato fraco etc. A detecção precoce pode ajudar no prognóstico.”
