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Cama compartilhada, pediatra explica por que pode ser perigoso

Hábito está relacionado à morte súbita, queda, sufocamento e estrangulamento

Quando o recém-nascido chega em casa, surge uma grande insegurança na maioria dos pais: o de deixa-lo dormir sozinho no próprio berço. A cama compartilhada surge então como uma alternativa para ter o pequeno sob vigilância próxima, mas será que ela é eficaz?

De acordo com a médica pediatra e neonatologista Dra. Thais Bustamante, não! A cama compartilhada representa, na verdade, um grande risco para a vida do neném. “A recomendação é que o bebê fique no quarto dos pais até um ano ou, pelo menos, até os seis meses, no próprio berço ou moisés com superfície firme, mas não na mesma cama que eles”, conta a médica, “assim, os pais estarão próximos em caso de engasgos e a distância não será uma interferência para o aleitamento materno noturno”.

A SBP e a Academia Americana de Pediatria consideram a cama compartilhada um fator de risco para a morte súbita, sufocamento, estrangulamento, aprisionamento e quedas. “Mesmo dormindo no quarto dos pais, mas no próprio berço, alguns cuidados são necessários: colchão com superfície firme, não usar travesseiros ou kit berços, almofadas, pelúcias, edredom ou cobertores soltos. Assim, reduzimos a chance de obstruir a respiração do bebê ou de hiperaquecê-lo – que é outro fator possível na síndrome da morte súbita”, ensina.

E por que as famílias ainda insistem em dividir a cama com os bebês? Por conta da criação com apego, ou seja, por acreditarem que assim poderão fortalecer a relação familiar e a segurança afetiva.

“Acredito que este vínculo deve acontecer em vários outros momentos da relação e criação dos filhos. De nada adianta compartilhar cama se as outras atitudes dos pais durante o dia forem de ansiedade, raiva ou irritação. O ambiente afetivo e saudável é construído dia a dia, nos cuidados e na atenção que as crianças requerem, nas brincadeiras, nas palavras etc.”

Outros pontos negativos apontados pela Dra. Thais estão condicionar o bebê a dormir sempre acompanhado, gerando ansiedade, insegurança e medo na criança; a falta do conceito de individualidade, ou seja, da criança perceber que tem um espaço só dela; o relacionamento do casal que também pode ficar estremecido com a presença do neném, comprometendo a intimidade.

E se a cama compartilhada for inevitável, a pediatra sugere algumas precauções:

– nunca usar colchão ou sofá d’água;

– opte por uma cama grande o suficiente para que toda a família durma confortavelmente;

– use colchão firme;

– não encoste a cama na parede e evite vãos que possam prender e/ou asfixiar o bebê;

– mantenha o ambiente bem ventilado, sem excesso de calor;

– evite edredons, cobertores e travesseiros grandes;

– evite pijamas com cordinhas, mesmo para os pais, que possam enroscar no bebê;

– coloque o bebê de barriga para cima;

– “a amamentação é um fator de proteção contra a morte súbita, portanto cuidado redobrado nos bebês que não mamam no peito”, alerta a pediatra;

– os pais devem ter consciência que, estando o bebê na cama, o cérebro deve ficar em estado de alerta, mesmo durante o sono.

“A criança que se acostumou na cama dos pais não vai querer perder aquele aconchego, por isso é necessário paciência, conversa e tempo por parte dos pais”, destaca Dra. Thais.

“Muito importante: não deixe seu filho chorar, ficar aos prantos no berço! Isso pode fazê-lo se sentir abandonado, principalmente se for maior de 9 meses. Acolha , converse baixinho, faça-o parar de chorar e depois o coloque no berço novamente, mantendo contato com ele através das suas mãos. Com o passar do tempo ele ganhará confiança de ficar no seu próprio espaço e saberá que você estará sempre por perto”, conclui a médica.

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