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Aids e dst´s: mulheres podem fazer diferença na disseminação de doenças sexualmente transmissíveis

Ginecologista alerta: mulheres podem fazer a diferença na redução da disseminação de DST´s e vírus HIV no Carnaval. Quase 40% dos novos casos de contaminação por HIV encontram-se na região Sudeste do Brasil

 

Segundo a Dra. Mariana Rosário, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), mulheres de todas as idades, gêneros e opções sexuais – héteros, lésbicas, bissexuais, trans – devem carregar consigo preservativos e exigir o uso deles nas relações sexuais. Assim como o “Não é não!” é uma campanha de sucesso, o uso do preservativo deve virar uma regra – e não exceção

 

No Carnaval de 2018, a campanha “Não é não” ganhou força e mulheres de todo o Brasil uniram-se contra o assédio sexual. Elas foram apoiadas pela imprensa, por artistas e por homens que, indignados com o comportamento de uma minoria, apoiaram o direito de todas se divertirem livremente, sem serem incomodadas.

Para a Dra. Mariana Rosário, obstetra e mastologista, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), titulada em Mastologia pelo IEO – Instituto Europeu de Oncologia, de Milão, Itália, está na hora de surgir uma campanha forte como esta, mas, com foco no uso do preservativo para combate às DST´s – Doenças Sexualmente Transmissíveis e HIV. “Sabemos que a mulher é peça-chave no combate à disseminação das doenças sexualmente transmissíveis. É um público que precisamos conscientizar, que precisa ter voz e força para dizer ‘não’ ao parceiro que insistir em abrir mão do uso do preservativo. A camisinha realmente protege de muitas doenças e é acessível, os postos de saúde têm o preservativo distribuído gratuitamente e, no Carnaval, há uma distribuição ainda maior. Não há desculpa para não praticar sexo seguro”, diz a médica.

Dra. Mariana Rosário explica que, sem proteção, homens e mulheres, independentemente do gênero ou da opção sexual, estão extremamente expostos a doenças. “Sífilis, gonorreia, HPV, Hepatite, Herpes, HIV, são tantas as possibilidades que não dá para nem começar o ato sem camisinha! É inadmissível! Não adianta correr ao consultório médico depois, porque muitas dessas doenças têm longo tratamento e podem cronificar, deixando sequelas para toda a vida”, orienta a especialista.

Lésbicas também precisam de proteção

Dra. Mariana diz que as lésbicas também fazem parte do grupo de risco. “Recebo pacientes, em consultório, que acreditam que, por serem lésbicas e só se relacionarem com outras mulheres, estão livres de contrair DST´s e HIV. Estão enganadas: é preciso usar preservativo no sexo oral feminino e também na penetração com acessórios eróticos. Todo o cuidado com nosso corpo é pouco, ainda que o sexo não seja praticado numa relação heterossexual”, alerta.

Mariana lamenta que haja poucas campanhas realmente fortes, que atinjam as mulheres, para que elas exijam o uso de preservativo pelos parceiros e parceiras – e também façam sua parte, claro. “Eu adoraria ver a sociedade toda engajada em uma grande campanha, envolvendo todas as faixas etárias, para que os índices alarmantes de contaminação por HIV fossem erradicados”, pondera.

Segundo dados do Ministério da Saúde, em seu Boletim Epidemiológico (que pode ser acessado pelo seguinte link:http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2018/boletim-epidemiologico-hivaids-2018), de 2007 até junho de 2018, foram notificados 247.795 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo 117.415 (47,4%) na região Sudeste, 50.890 (20,5%) na região Sul, 42.215 (17,0%) na região Nordeste, 19.781 (8,0%) na região Norte e 17.494 (7,1%) na região Centro-Oeste. No ano de 2017, foram 42.420 casos de infecção pelo HIV, sendo 4.306 (10,2%) casos na região Norte, 9.706 (22,9%) casos na região Nordeste, 16.859 (39,7%) na região Sudeste, 8.064 (19,0%) na região Sul e 3.485 (8,2%) na região Centro-Oeste.

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