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Exposição “O que nos une” no Centro Cultural Fiesp

Exposição “O que nos une” abre ao público dia 15 de outubro no Centro Cultural Fiesp, apresentando teorias do neurocientista Miguel Nicolelis em forma de arte 

Instalações imersivas inéditas, criadas pelo Aya Studio, propõem a conexão entre cérebros humanos e convidam a um debate sobre o impacto de novas tecnologias no comportamento humano e na consciência coletiva.

A mostra também exibirá o exoesqueleto criado pela equipe do prof. Nicolelis e usado no chute inicial da Copa do Mundo FIFA no Brasil (2014), além de vídeos e frases do neurocientista. 

Instalações interativas criadas especialmente para a mostra propõem a conexão entre cérebros humano

Galeria de Arte do Centro Cultural Fiespapresenta, entre os dias 15 de outubro de 2025 e 1º de fevereiro de 2026, com entrada gratuita, a exposição “O que nos une”. Ela tem como ponto de partida a teoria Brain Net, criada pelo médico e neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, professor emérito da Duke University (EUA).

 

Cérebros humanos podem sincronizar suas atividades elétricas e formar redes de cérebros que permitem a organização de grupos sociais coesos, que operam conjuntamente e trabalham de forma cooperativa para resolver tarefas cognitivas complexas ou para compartilhar ideias, sons, palavras e sentimentos, numa interface cérebro-cérebro, como define o autor.

 

Ao unir ciência, tecnologia e arte contemporânea, “O que nos une” materializa esse conceito por meio de três instalações artísticas interativas, criadas especialmente para a mostra pelo Aya Studio. A exposição propõem um debate sobre os efeitos das novas tecnologias no comportamento humano e na consciência coletiva.

 

“Sempre defendi que o cérebro humano não pode ser reduzido a algoritmos. As redes neurais verdadeiras funcionam em analógico, não em lógica digital. Elas foram formadas por uma sequência gigantesca de eventos aleatórios, ao longo de milhões de anos de evolução, pelo processo de seleção natural, que não pode ser reduzido a uma fórmula matemática ou algoritmo, sendo, portanto, não computável por computadores digitais. Elas são a base de todas as criações, tangíveis e abstratas, da nossa espécie. Esta exposição traduz essa visão em linguagem artística, revelando que ciência e arte são faces complementares do mesmo instinto criador. Ao caminhar pelas instalações, cada visitante vivencia a força invisível que nos liga uns aos outros e descobre que a verdadeira revolução tecnológica do nosso tempo é compreender a potência dessas conexões”, afirma Nicolelis.

 

INSTALAÇÕES IMERSIVAS INÉDITAS E CONEXÕES HUMANAS

 

O Cérebro” leva o público a sentir e refletir sobre a potência criativa, afetiva e transformadora do principal órgão de nosso sistema nervoso. Espelhos infinitos multiplicam as imagens de um cérebro em constante atividade, revelando a complexidade e a beleza de sua arquitetura interna. Sinapses, impulsos elétricos, neurônios e conexões se desdobram em movimento, criando uma paisagem sensorial que nos transporta para dentro da mente humana. Ao redor, imagens ligadas à arte, ciência, tecnologia e música surgem como extensões dessa máquina extraordinária.

 

A instalação “O Coletivo” é um convite à empatia, à colaboração e ao entendimento de que somos mais potentes juntos do que separados. À medida que as pessoas caminham pelo espaço, seus movimentos são captados e transformados em impulsos visuais, fazendo com que suas presenças se unam em tempo real. Quando os corpos se aproximam, a projeção na parede revela imagens das grandes criações do coletivo humano, como se a união das mentes despertasse memórias compartilhadas da civilização.

 

Já “Sincronização” propõe uma experiência sensorial e simbólica sobre a força da presença coletiva e a criação que emerge da união entre mentes, corpos e emoções. Nesta obra, três estações captam o batimento cardíaco de cada visitante, transformando pulsos vitais em luz e som. Cada pessoa recebe uma cor e uma frequência sonora única. Conforme os participantes se aproximam e permanecem juntos, os batimentos começam a se sincronizar e as cores se fundem gradualmente. Quando a conexão entre os três corpos se completa, uma trilha sonora original é revelada, resultado da harmonia entre seus ritmos.

 

EXOESQUELETO DA COPA DO MUNDO E PENSAMENTOS DE NICOLELIS 

 

Além das experiências imersivas, “O que nos une” exibirá o exoesqueleto utilizado por uma pessoa com paraplegia completa do tronco e membros inferiores para dar o chute inicial na Copa do Mundo FIFA 2014, no Brasil. 

 

Com a liderança do professor Nicolelis, o consórcio internacional Andar de Novo (Walk Again) nasceu com a missão de demonstrar o potencial da Interface Cérebro-Máquina (ICM) para a reabilitação de pessoas com paralisia. Em 2012, o neurocientista propôs ao governo brasileiro e à FIFA que a primeira demonstração pública de um exoesqueleto controlado pelo cérebro fosse realizada na abertura do mundial no Brasil.

 

A proposta foi aceita e a Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP) firmou convênio com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para viabilizar o desenvolvimento do equipamento. Entre dezembro de 2012 e junho de 2014, uma equipe de 156 pesquisadores e especialistas de diversas áreas e países, coordenados por Nicolelis, trabalharam de forma integrada para projetar, construir e validar o exoesqueleto e seu sistema de comunicação cérebro-máquina.

 

O público visitante poderá ainda assistir a trechos de entrevistas já concedidas pelo neurocientista, e em todo o espaço expositivo encontrará frases – às vezes polêmicas – com seus pensamentos. “IA: nem inteligente nem artificial” e “O cérebro humano é o verdadeiro criador do universo” são alguns exemplos. 

 

“A exposição ‘O que nos une’ proporciona uma oportunidade ímpar para refletirmos sobre a convergência entre arte, ciência e tecnologia, e o impacto transformador dessas conexões na sociedade contemporânea e no futuro que estamos construindo. A programação reforça a missão do SESI-SP de disseminar conhecimento e contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, ética e democrática para todas as pessoas”, comenta Débora Viana, gerente executiva de Cultura do SESI-SP.

EXPOSIÇÃO “O QUE NOS UNE”

Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp – Av. Paulista, 1.313

Visitação: 15 de outubro de 2025 a 1º de fevereiro de 2026

Terça a domingo, 10h às 20h

Entrada gratuita – Livre para todos os públicos

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