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Você já ouviu falar sobre ceratocone?

Doença faz com que a córnea fique afinada e encurvada, podendo levar ao desenvolvimento de altos graus de astigmatismo e miopia
Especialista do H.Olhos – Hospital de Olhos explica como identificar e tratar o problema
Doença congênita que afeta os olhos, o ceratocone acomete de 0,5% a 3% da população. O problema se caracteriza pelo afinamento e encurvamento progressivos da córnea, que fica com um formato parecido com um cone, o que compromete e pode levar à baixa da visão. Para chamar a atenção e disseminar informações sobre a doença, em 10 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Ceratocone.

“O desenvolvimento do ceratocone acontece entre os 10 e 20 anos e tende a progredir até os 30 e 40 anos. Apesar da incidência mais comum ser de forma espontânea, entre 5% e 27% dos casos têm histórico da doença na família”, aponta a Dra. Myrna Serapião, especialista em ceratocone do H.Olhos – Hospital de Olhos.

Como identificar?

Em sua fase inicial, a doença tem como característica o surgimento de miopia ou astigmatismo. Em seguida, o paciente começa a se queixar de mudanças frequentes na prescrição dos óculos, visão embaçada, com halos de luz ou distorcida, e alta sensibilidade à luminosidade.

“A baixa visão, aumento progressivo de astigmatismo, acompanhado por dores de cabeça e fotofobia, e a dificuldade de enxergar mesmo com os óculos são sintomas comuns do ceratocone. A partir de um exame clínico, é possível confirmar a doença. Com o avanço da tecnologia na medicina, o diagnóstico tornou-se mais eficaz, pois existem aparelhos específicos capazes de medir com extrema precisão a espessura e a curvatura da córnea, detectando o ceratocone mesmo em estágios iniciais”, explica a médica.

É importante destacar também que os pacientes que sofrem com ceratocone tendem a ter alergia ocular associada, e, consequentemente, coçam os olhos. O ato de coçá-los com frequência está diretamente ligado ao afinamento da córnea e leva ao agravamento da doença.

Tratamento

O transplante de córnea é o único tratamento definitivo do problema. No entanto, existem outros métodos que, quando indicados adequadamente pelo oftalmologista, podem melhorar a visão e proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes.

Existem quatro fases da doença. Na inicial, a visão pode ser corrigida com o uso de óculos. No estágio moderado, recomenda-se o uso de lentes de contato específicas para ceratocone ou o implante de anel intracorneano, quando a visão com lentes de contato não é satisfatória ou quando há intolerância às lentes. Mais uma opção é um procedimento conhecido como crosslinking. Neste processo, após a aplicação de colírio anestésico e preparos iniciais da córnea, é introduzido o colírio de vitamina B2 que, associado à luz UVA emitida por uma fonte, aumenta a ligação das fibras de colágeno da córnea, o que a enrijece, evitando a progressão da doença.

Nas etapas mais avançadas, o tratamento baseia-se no transplante de córnea. “O ceratocone é a principal causa de transplante de córnea em regiões mais desenvolvidas. A rejeição é rara nestes casos e, quando ocorre, é percebida rapidamente. O tratamento clínico é suficiente para que não seja necessário um novo transplante. Este é um dos motivos pelos quais a doação de órgãos é tão importante e deve ser estimulada”, argumenta a Dra. Myrna Serapião.

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