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Parque da Ciência Butantan conta com mais de 300 espécies de borboletas

Além de embelezar o ambiente, esses insetos são importantes polinizadores e indicadores da qualidade do ar

Um estudo científico coordenado pela diretora do Museu Biológico, Erika Hingst-Zaher, e publicado na revista da Universidade de São Paulo (USP) Papéis Avulsos de Zoologia conclui que o Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde (SES) de São Paulo, abriga mais de 300 espécies de borboletas no Parque da Ciência Butantan. O que explica essa diversidade é a presença de áreas de características distintas no complexo: borda de floresta, interior de floresta, zonas úmidas e secas, além de regiões pouco ou muito ensolaradas, o que faz com vários animais consigam prosperar no ambiente. 

Considerando que o Parque da Ciência Butantan está localizado na cidade mais populosa do Brasil (IBGE, 2021), essa riqueza de espécies é surpreendente. De acordo com o estudo científico, isso é uma indicação de que mesmo em áreas degradadas, que vêm sofrendo intensa interação antrópica, ainda é possível sustentar uma parte significativa de espécies originais. “Além de ser fundamental para o desenvolvimento de estratégias de preservação, esse levantamento também é importante para fornecer dados para estudos futuros e para identificar alterações climáticas que possam ser relevantes para a conservação das áreas verdes urbanas”, afirma Erika Hingst-Zaher. 

O estudo orienta que para conservação dessas espécies é importante criar uma conexão entre diferentes pontos da cidade. Isso aumenta as chances dessas borboletas se dispersarem e se tornarem mais abundantes nos centros urbanos.

Conhecidas como símbolos da transformação, as borboletas são muito celebradas por sua beleza, diferente de outros insetos que, por vezes, causam medo ou repulsa. Do ovo depositado nas folhas das plantas nasce a lagarta que, depois de alguns meses, forma um pequeno casulo, a pupa, de onde emerge a borboleta adulta. Ricas e diversas, estão distribuídas em cerca de 20 mil espécies com cores, padrões e comportamentos únicos.

As borboletas são fundamentais para a manutenção da biodiversidade, já que, assim como as abelhas, são polinizadoras. Ao se alimentarem do néctar das flores, por meio da espirotromba, uma espécie de “tubo” longo que funciona como um canudo e fica enrolado sob seu queixo, ajudam a espalhar grãos de pólen para que as plantas possam se reproduzir. Assim, contribuem com o equilíbrio nos ecossistemas e com a diversidade de vegetais, essenciais para a saúde humana e animal.

Elas também podem sinalizar se a qualidade do ar está boa: onde há muitas borboletas, geralmente o ar está livre de poluição. Como são muito sensíveis e têm um ciclo de vida curto (de alguns dias a um ano, dependendo da espécie), respondem rápido quando algo muda no ambiente. A falta desses insetos pode indicar que algo não vai bem naquele lugar. 

O que os olhos não veem

O principal motivo dessas pequenas voadoras serem tão coloridas é para afastar e confundir seus predadores por meio da camuflagem. Algumas espécies de borboleta possuem manchas de cores muito vibrantes, o que no mundo animal costuma indicar perigo e toxicidade. Mas as asas das borboletas são, na verdade, transparentes em sua base. O que acontece é que elas são compostas por minúsculas escamas pigmentadas e escamas difrativas, que refletem vários comprimentos de onda, mostrando diferentes cores. Substâncias químicas encontradas nas plantas das quais as borboletas se alimentam contribuem para a diversidade de pigmentos.

Suas antenas ajudam a detectar movimentos e substâncias químicas presentes no ar, desde o cheiro das flores até o de um potencial parceiro, além de serem importantes para a sua orientação durante o voo. Assim como outros insetos, elas possuem milhares de “pequenos olhos”, chamados de olhos compostos, podendo enxergar em várias direções.

Outra curiosidade é que as borboletas são capazes de enxergar muito mais cores do que nós. Enquanto nossos olhos possuem células sensíveis à luz vermelha, à verde e à azul, essas voadoras podem ter seis ou mais tipos de células sensíveis à luz e conseguem ver até mesmo a luz ultravioleta. Essa visão especial ajuda o inseto a encontrar flores para se alimentar do néctar.

Plantas como helicônia, cambará, hibisco, lavanda, margaridas e girassol estão entre as preferidas desses animais.

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