Diabetes: Amputações em decorrência da doença somam mais de 2.000 por mês
85% dos casos são precedidos de ulceração nos pés; situação eleva custos na saúde
Um dos principais riscos trazidos pela Diabetes – doença que afeta 16 milhões de pessoas no país – é o da amputação dos membros inferiores. No primeiro semestre deste ano, foram 14.883 internações que resultaram em amputações, o que representa uma média de 2.480 casos por mês, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O mês de novembro reforça a conscientização sobre os problemas associados à enfermidade (o Dia Mundial do Diabetes é celebrado no dia 14).
“Estima-se que nos países em desenvolvimento, 25% dos pacientes com diabetes desenvolverão pelo menos uma úlcera do pé durante a vida, lesão que precede a amputação em 85% dos casos”, explica o presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), Dr. Marco Tulio Costa. Os custos na saúde, envolvendo o problema, são cinco vezes maiores em indivíduos com diabetes e úlceras no pé, quando comparados com a ausência de úlceras. Essas despesas estão principalmente relacionadas às hospitalizações, mas também ao tratamento e acompanhamento de pacientes ambulatoriais.
A neuropatia diabética, que consiste na perda da função dos nervos do pé, principalmente da sensibilidade dolorosa e tátil, é um dos problemas mais sérios da doença, pois dificulta a percepção do paciente em notar lesões ou contusões. Sem essa sensibilidade protetora, áreas de pressão podem evoluir rapidamente, formando bolhas e feridas e, ainda, possibilitando a entrada de microorganismos que causam infecções no pé. No quadro de infecção grave, o paciente apresenta mal-estar geral, febre alta e dificuldade de controlar os níveis de açúcar no sangue. “A febre pode ou não estar associada”, salienta o Dr. Marco Tulio. Pode ainda haver o aparecimento de abcesso, secreção purulenta, mau cheiro, inchaço e vermelhidão.
“Em casos graves, é necessária a cirurgia para limpeza e desbridamento das lesões mais profundas, ou até mesmo a amputação de parte ou de todo o pé para sanar a infecção”, ressalta o especialista.
As fraturas no pé e tornozelo no paciente diabético com perda da sensibilidade também merecem atenção especial. Elas são chamadas de artropatia de Charcot. O tratamento não costuma ser igual as fraturas ocorridas no paciente não diabético. “O paciente com diabetes também perde a sensibilidade para fraturas, deslocamentos ou microtraumas ocorridos nos ossos do pé e tornozelo. O tratamento, dependendo da gravidade, pode ser imobilização por gesso, órtese ou, ainda, cirurgia”, fala o Dr. Marco Tulio.
Cuidados com o pé diabético
A ABTPé lista alguns dos cuidados que o paciente com diabetes precisa ter com os pés:
– Examinar os pés diariamente a procura de lesões, áreas avermelhadas, unhas encravadas ou feridas abertas.
– Visualizar a planta dos pés e o espaço entre os dedos.
– Manter os pés limpos e secos.
– Não usar bolsas de água quente nos pés.
– Utilizar creme hidratante na região do calcanhar, planta e dorso do pé.
– Cortar as unhas retas, sem arredondar os cantos, para evitar cortes na pele e que elas encravem na lateral do dedo. Se já houver dificuldade na visão, pedir ajuda para cuidar e aparar as unhas.
– Utilize calçados confortáveis, acolchoados e sem costura interna. Dê preferência para calçados feitos especialmente para pacientes diabéticos.
– Procure usar sempre meias brancas de algodão, que facilitam a transpiração e deixam mais evidente qualquer sinal de secreção ou sangramento que possa ocorrer.