Autismo Nível de Suporte 1: como identificar os sinais e oferecer o suporte adequado

Embora os sintomas sejam mais sutis do que em outros níveis de suporte no espectro, eles podem impactar o desenvolvimento social, emocional e comportamental da criança
Reconhecer os sinais do autismo Nível de Suporte 1 pode ser um grande desafio. Embora os sintomas sejam mais sutis do que em outros níveis de suporte no espectro, eles podem impactar o desenvolvimento social, emocional e comportamental da criança.
Ainda ouvimos falar em graus de autismo (leve, moderado e severo), mas esses termos vêm sendo substituídos por formas mais atualizadas de entender o espectro do autismo. Atualmente, utiliza-se a ideia de níveis de suporte no autismo, que variam conforme a necessidade de apoio que o indivíduo requer — alguns necessitam de pouco suporte, enquanto outros precisam de suporte mais substancial.
Essa classificação, que inclui o Nível de Suporte 1, ganhou ainda mais relevância recentemente, quando a Rede de Monitoramento do Autismo e Deficiências do Desenvolvimento (ADDM), ligada ao CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), publicou um relatório destacando dados importantes sobre o tema. Segundo o levantamento, 1 em cada 31 crianças nos EUA está no espectro autista¹, revelando um aumento nos diagnósticos em comparação com anos anteriores.
Apesar de o Nível 1 ser aquele que requer suporte de intensidade mais baixa, ele exige atenção cuidadosa. Entre as dificuldades mais comuns estão a comunicação, a interação social e a sensibilidade sensorial. É comum que pessoas com autismo de Nível 1 consigam mascarar seus sinais e sintomas de forma eficaz, o que pode dificultar o acesso a cuidados adequados e levar a diagnósticos tardios.
“Mesmo no autismo de Nível de Suporte 1, os desafios enfrentados pelas crianças exigem atenção coordenada entre a família, os profissionais de saúde e o ambiente escolar. O suporte multidisciplinar e acolhedor contribui significativamente para a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias. O treinamento parental estruturado é importante até que os pais e responsáveis estejam aptos a aplicar as estratégias comportamentais de maneira independente”, explica Fabiane Minozzo, gerente de Práticas Assistenciais e Head de Autismo na Dasa, líder em medicina diagnóstica no Brasil.
Sinais do autismo Nível de Suporte 1: forças e desafios
As manifestações do Nível de Suporte 1 podem variar entre os pacientes, mas existem sinais comuns que podem ser percebidos desde cedo. Curiosamente, essas características muitas vezes aparecem tanto como pontos fortes quanto como desafios, que incluem:
- Hiperfoco e persistência: interesses profundos e duradouros por temas específicos.
- Reconhecimento de padrões: grande habilidade para detectar regularidades e repetições.
- Atenção aos detalhes: percepção de informações sutis que passam despercebidas para a maioria.
- Hipersensibilidade sensorial: incômodo com sons altos, luzes fortes, texturas ou cheiros específicos.
- Dificuldade em manter conversas: problemas para mudar de assunto ou interpretar nuances da comunicação.
- Déficits na comunicação não verbal: tom de voz incomum, gestos limitados ou dificuldade para interpretar expressões faciais.
- Problemas motores ou de coordenação: movimentos desajeitados ou lentidão em tarefas motoras finas, como escrita ou jogos manuais.
Como oferecer suporte adequado
Mesmo quando apresentam maior autonomia em determinadas atividades, pessoas com autismo Nível 1 de suporte enfrentam impactos do transtorno em sua rotina e necessitam de acompanhamento terapêutico e profissional adequado.
Embora os desafios enfrentados no Nível de Suporte 1 sejam menos intensos, o auxílio certo é fundamental para promover o desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida.
Estratégias eficazes incluem:
- Treinamento em habilidades sociais: focado em empatia, turnos de fala e leitura de sinais sociais.
- Terapias comportamentais baseadas em evidências:como a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), adaptada às necessidades da criança.
- Programas de orientação para pais: para ajudar a conduzir rotinas e lidar com os desafios cotidianos.
- Adaptações no ambiente escolar: garantindo acessibilidade e um espaço inclusivo, onde a criança se sinta acolhida.
