Alergias e as reações de defesa do organismo
Fatores externos, como a presença de ácaros e poluição, agravam problemas respiratórios que podem ser atenuados com a modulação do sistema imune
As alergias são reações de defesa do organismo a agentes que, a princípio, são considerados nocivos, como os ácaros presentes na poeira, por exemplo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as alergias respiratórias acometem 30% dos brasileiros, sendo que a rinite alérgica tem 25% de prevalência, seguida pela asma alérgica, que atinge 20% da população de crianças e adolescentes no país.
Segundo a alergista e imunologista, Dra. Ana Paula Castro, Médica Assistente da Unidade de Alergia e Imunologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, é importante saber que há dois pilares que constroem as alergias, que podem derivar em alergias alimentares, dermatites atópica, urticárias e alergias respiratórias. O primeiro deles está associado ao fator genético, pois filhos de pais alérgicos têm mais chances de desenvolver alergias. Sendo assim, as alergias respiratórias podem evoluir para doenças mais graves, afetando a qualidade de vida e a produtividade dessas pessoas. Porém, com os cuidados adequados, os sintomas são preveníveis e têm tratamentos bastante eficazes.
A mudança de estação é a época em que as crises alérgicas se agravam também por alguns motivos, conforme explica a Dra. Ana Paula Castro. “A população de ácaros é sazonal e varia de acordo com a estação. Quando tiramos roupas que estavam há tempos guardadas no armário, os ácaros se espalham e provocam reações alérgicas. A polinização, mais comum na região Sul do País, também é um agente desencadeador, além de alguns vírus, como o influenza, mais presente no outono e no inverno, o rinovírus e outros, que se proliferam em ambientes de maior circulação, como shoppings, escolas e locais que reúnem um grande número de pessoas”, afirma a médica.
Com a chegada da primavera e do verão nos próximos meses, é essencial deixar o sol entrar nas casas, assim como as roupas que estavam guardadas devem receber ventilação e ar natural. Isso faz com que a incidência de crises alérgicas diminua na alta estação.
Quando se pensa em prevenção de alergias, vale falar sobre o tipo de parto, outro pilar importante para as mamães de primeira viagem. Sim, pois o parto vaginal faz com que a criança tenha contato com bactérias que são muito importantes para o adequado funcionamento do intestino e desenvolvimento do sistema imunológico. “Desde o nascimento essa influência ocorre, já que o nosso organismo é formado por inúmeras bactérias, concentradas em sua maioria no intestino. A microbiota intestinal, conhecida há alguns anos como flora intestinal, abriga bactérias, vírus e fungos, sendo que a maior parte das células do sistema imunológico fica alojada no intestino. Sendo assim, o tipo de parto também influencia na propensão a alergias, uma vez que no parto por cesária não há transferência da microbiota da mãe para o bebê. Portanto, há uma relação direta entre o sistema imunológico e a microbiota intestinal. Vale reforçar que o aleitamento materno ajuda a fortalecer o sistema imunológico e uma criança que não foi amamentada também está mais vulnerável a processos alérgicos ao longo da vida”, afirma a médica.
Mesmo com a presença de fatores não controláveis que determinam a predisposição à alergias, é possível equilibrar o sistema imunológico. Evitar o contato com alérgenos, como saliva e epitélio de animais de estimação, bolor, fumaça de cigarro e poluição são formas de prevenção, assim como manter a higiene da casa, em especial do quarto, para evitar a proliferação de ácaros. “Já o uso contínuo de probióticos pode controlar a proliferação de bactérias patogênicas presentes no intestino, proporcionando a absorção de nutrientes para o organismo de forma equilibrada e fortalecendo o sistema imune. As alergias e a imunidade estão correlacionadas ”, explica a médica.
Os probióticos são microrganismos vivos (bactérias boas) que, quando ingeridos em quantidades adequadas, interagem com a microbiota intestinal e têm um papel importante no restabelecimento de seu equilíbrio. 1 “A ação dos probióticos no organismo têm um tempo de resposta. Quando usados durante a gravidez, por exemplo, os probióticos têm ações benéficas a longo prazo para o bebê, modulando o sistema imunológico e agindo na prevenção de doenças não infecciosas, metabólicas e alergias”.
Existem vários tipos de probióticos, com indicações para patologias diversas. O que difere um do outro é a cepa probiótica, determinante para a ação no organismo. O Lactobacilos rhamnosus GG (LGG®) é a cepa mais estudada no mundo, com eficácia e segurança comprovadas em todas as faixas etárias, incluindo gestantes e idosos, para equilibrar e proteger a microbiota intestinal. As pesquisas científicas realizadas com o Lactobacilos rhamnosus GG (LGG®) já chegam a 35 anos, com validação de mais de 200 estudos clínicos em humanos e mais de 1.000 estudos publicados com essa cepa.
Lactobacillus rhamnosus GG – LGG®
O LGG® é um bacilo Gram-positivo obtido a partir do intestino de um adulto saudável, totalmente sequenciado geneticamente, revelando-se mais 300 proteínas específicas – o que diferencia essa cepa das demais. Entre suas diversas atividades, consegue resistir bem ao ácido gástrico e à bile, adere de forma eficaz às células intestinais e favorece a produção de muco, fazendo com que o aumento da permeabilidade intestinal em situações onde há desequilíbrio da microbiota seja corrigido.
Referência
1.Funkhouser LJ, Borderstein SR. Moms knows best: the universality of maternal microbial transmission. PLoS Biol. 2013;11(8):e1001631.