Meu animal está sofrendo com ansiedade?
Especialista explica como identificar os sinais, as causas mais comuns e quais estratégias usar para reduzir o estresse em cães e gatos
Quem convive com cães e gatos sabe que eles são sentimentais. Mudanças na rotina, ausência dos tutores ou até mesmo ambientes muito agitados podem desencadear neles algo mais profundo do que um simples mau comportamento: a ansiedade. Essa condição, muitas vezes confundida com birra ou desobediência, compromete não apenas o equilíbrio emocional dos pets, mas também sua saúde física, exigindo cuidado e atenção dos tutores.
Como reconhecer os sinais de ansiedade
Ana Luiza Jorge, professora de Medicina Veterinária da Una Uberlândia, explica que os sinais mais comuns são fezes e urina em locais inadequados, vocalização além do normal e destruição de objetos. “Também é possível perceber lambedura excessiva e sintomas semelhantes à depressão, como isolamento social, falta de apetite e letargia. No entanto, é importante reforçar que esses comportamentos não são exclusivos da ansiedade, podendo estar ligados a outras enfermidades”.
Além disso, a ansiedade pode se manifestar de maneiras diferentes em cães e gatos. Nos cães, ela tende a ser mais evidente, seja por comportamentos destrutivos ou por excesso de latidos e choros. Já os felinos, por natureza mais reservados, revelam a ansiedade de maneira mais sutil: “podem intensificar os hábitos de limpeza, apresentar automutilação, se manter reclusos em um único espaço da casa, permanecer em estado de vigília e desenvolver anorexia”, detalha a professora. Ela ainda acrescenta que embora qualquer animal possa desenvolver ansiedade, no caso dos gatos, fatores ambientais e mudanças na rotina pesam mais do que a raça ou idade.
Entre as principais causas estão a ansiedade de separação, mudanças no ambiente, experiências traumáticas, falta de socialização adequada e estímulos estressores. As consequências podem ser sérias, indo além do comportamento e interferindo na saúde do animal. “Ela pode desencadear vômitos, salivação excessiva, taquicardia e até hiperventilação. Quando crônica, evolui para problemas graves, como automutilação, depressão e até agressividade”, alerta Jorge.
Estratégias para aliviar o estresse
Para ajudar um animal ansioso, os tutores podem adotar estratégias simples de reeducação comportamental, oferecer brinquedos e atividades que estimulem a mente, manter passeios e interações regulares, proporcionar um ambiente seguro e previsível e, acima de tudo, evitar punições que possam reforçar ainda mais o sofrimento do pet.
Em situações mais graves, o uso de medicamentos pode ser necessário. “Os fármacos são indicados quando a terapia comportamental sozinha não é suficiente. Eles ajudam a reduzir a ansiedade e devem sempre ser prescritos e acompanhados por um médico-veterinário”, orienta a professora.